KARMA

Serei alguém tão mau a ponto

De nunca achar meu rumo [ao] certo

Vagar por milhas um deserto

Sozinho e triste e sem conforto?

Serei, talvez, um peso morto?

Que crime tenho cometido?

Quem fui, que sofro, desvalido,

A dor de outrem tão vil e torto?

Por que viver pesa-me tanto?

Por qu'esta angústia me persegue

E toda a vida estou entregue,

Prostrado e inerte neste pranto?

Por que nem Deus nem a Serpente

Nem fé, nem crença ou cepticismo

Nem filosófico eufemismo

Pode explicar o que desmente

Em mim, mais forte, este sentir

Que finge e, embora, nada sente

Perante um deus indiferente

Se nem tal deus julga existir?

Porém, metáfora encarnada,

Escuto, ousado, este Diabo

D'assaz miséria do meu Fado

Soltar macabra gargalhada!

16 de outubro de 2016

F H Pupo
Enviado por F H Pupo em 18/03/2025
Código do texto: T8288670
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