Sala vazia
Que silêncio mais empoeirado,
Tô cansado
De ficar aqui sentado
Escutando
Um relógio sem ponteiro.
De pernas cruzadas
Com um pé pendurado
Ansioso,
Só fica balançando
Nessa poltrona comida por traças.
Então, levanto num salto
furioso.
Me direciono a uma lareira fria
Para ver meu reflexo,
Do qual me esqueci,
Perplexo,
Porque já não tem mais nada para refletir,
Nem tenho memória,
Me perdi de mim.
Quando é que minhas catedrais
Viraram uma sala vazia?
Onde foram parar minhas obras primas ?
Perdi minha identidade de vista.