TRISTEZA DO POETA

O poeta acordou triste

Pela falta de inspiração

Pois é nela que tudo consiste

É nela que ele dá vaza à emoção

Mesmo que seja fingindo

Uma dor que não se sente

Ou uma alegria forçada

Pra disfarçar a dor verdadeira

Triste poeta triste,

Que se faz de forte e resiste

A dor do amor, matadeira!

Se, porventura, o poeta,

Expusesse o que lhe vai n’alma

Se despisse de todo sentimento

Que o maltrata e lhe tira a calma

Deixasse cair a máscara

Que usa pra disfarçar

Sorrindo quando está triste

Chorando quando gostaria de cantar

Pensando como bom seria

Se pudesse dominar o sentimento

Não ter que rir ou chorar

Cantar o amor aos quatro ventos!

Mas o poeta é humano,

Ama e sofre como qualquer um,

Vive de acertos e desenganos

Mas finge que está tudo bem!

Carrega no peito saudades,

De amores que já viveu,

De outros que poderiam ter sido

Mas, que por ironia, não aconteceu,

Ou que não foi correspondido,

Perdeu-se no tempo, e morreu!

Ilha Solteira/SP – 22/08/2022 – 17h06min