MENINOS DE RUA
Dispersos na multidão ofegante
Dos centros urbanos que estuam,
Sobejam seus vagos olhares
Os pobres meninos de rua.
Curvam-se em reverência
Aos apressados transeuntes,
Implorando no trânsito insano
Um ato benevolente.
A vida não lhes sorri,
Mas sorriem para a vida.
De peito aberto num mundo incerto,
Amargam a sina nas frias esquinas!
Ludibriando constantes enganos,
Vestem-se de inócua alegria,
Quando ao sol do dia findo,
Voltam-se ao subúrbio sorrindo!
Compreendo alguns deslizes
De seu viver inconseqüente,
Pois vêm de lares onde a ira
Faz morada permanente.
Vislumbram em seu submundo:
As estruturas mudarem,
Para ser cidadãos no mundo
E seus sorrisos brilharem!