VETERANO OU FIM
VETERANO OU FIM
Ao tornar-se um veterano,
No início há o otimismo,
Mas vem ano após ano,
E o futuro é seu hospício.
Quem lutou a sua guerra,
E serviu aos seus irmãos,
Vê que a vida se encerra,
Se ninguém lhe dá a mão.
Foi assim na antiga Roma,
E em todas as contendas,
E não adianta se fez fama,
Ou a medalha lhe ofenda.
Ser um velho aposentado,
Ou ser reserva ou inativo,
Só me lembra do pecado,
De quem se torna cativo.
Pois agora sou um escravo,
Declarado ou sem pudor,
Quando acham que sou fardo,
Maltratado e sem doutor.
Pra o governo sou o agente,
Para o povo sou o jagunço,
Mas eu serei só o indigente,
Pois da jaca sou o bagunço.
Depois de ser tão usado,
O descarte é o que sobra,
Pois só sirvo pra ser gado,
Como massa de manobra.
E no fim sou mesmo engôdo,
Sem pensão ou quebra galho,
Ou sentado ao chão de lôdo,
Pois só sirvo a dar trabalho.
E no Brasil de pés rachados,
Só quem vale é o imigrante,
Numa pele em tom bem claro,
Senão morre num instante.
Tudo aqui é pela Europa,
Ou que venha lá do norte,
Pois abaixo é só pipoca,
E ao escravo dão chicote.