Poema - O Homem que perdeu a si mesmo
Poema – O homem que perdeu a si mesmo
Há dias dos quais não sei quem sou
Deito de bruços debaixo do chuveiro
Cantarolando canções
Que já não me dizem mais nada
Sou hoje um homem cético
Sobre todas as crenças
Sobre todos os Deuses
Mas há dias
Em que eu danço ao lado do Diabo
Canto canções de umbanda
Faço de exu o meu protetor
E ascendo velas para Dionísio
Pois há dias dos quais não sei quem sou...
E tudo que eu desejo é foder
Foder como um sátiro fode as suas ninfas
Rasgar suas roupas em seu corpo suado
Masturbar a sua buceta enquanto os seus
Pezinhos passam pelos meus lábios
Fode-la por horas e horas
Até que a madrugada fria e insaciável
Roube nossas almas
Mas há dias...
Em que tão pouco consigo olhar em seus olhos
E sou tomado por um ódio
Que eu não sei de onde vem
Mas vive ali
Encravado como uma estaca
Nos cárceres privados desta mente insana
Pois há dias em que eu simplesmente
Não sei quem sou
Nego todas as filosofias escrita pelos homens
E abraço todas as angústias
Que transbordam pelos meus olhos
Sou o filho do nada
E o herdeiro de todas as coisas
Acredito que morrerei sozinho e angustiado
Sufragado em dores e paranoias
Que eu mesmo inventei
De mim herdarão um império de cinzas
O império do nada
O império daquilo que um dia eu escrevi
E que será lido por outros
Que assim como eu
Morrerão sozinhos
E angustiados
Pois há dias
Que simplesmente
Não sei quem sou
E de todas as personas que eu fui um dia
A de Poeta, é a que eu mais odeio
Pois na poesia escrevi cantos líricos
Que tampouco consigo ler
E hoje
No ápice da minha sanidade
Ainda não sei quem sou (...)
- Gerson De Rosrogues