Poema – Ansiedade part 2
Poema – Ansiedade part 2
Os dias cinzas eram os que mais me atraiam
Eu só conseguia me sentir vivo
Quando estava insuportavelmente infeliz
E isso era o que me assustava
Eu não podia ser como os outros
Não podia aceitar a luz
Sendo que a minha alma
Havia sido moldada na escuridão
Me atraiam as baratas
Os vermes e os suicidas
Como se a dor que há muito tempo
Me acompanhou nos corredores do inferno
Hoje vivessem impregnada na epiderme da minha alma
A depressão havia se tornado quem eu era
Parte de mim, parte da minha essência
Então sempre que a felicidade
Me agraciava com a sua luz
Meus olhos se cegavam
E novamente eu estava ali
De joelhos na escuridão
Louvando o Diabo que eu tampouco acreditava
E quem eu deveria culpar?
Senão a mim mesmo!
Essa criatura nojenta e repleta
De traumas e cicatrizes
Que não conseguia reconhecer
A maldita luz que jogavam em seus
Olhos cegos e imundos;
Eu tinha medo da felicidade
Medo do amor, medo dos bons momentos
Tinha medo que aqueles momentos de alegria
Desaparecessem por completo
E novamente eu me visse escravo da desesperança
Então eu fugia
Corria com os pés descalços até o abismo
E me trancava em uma cela repleta de Demônios
Sentava em um canto escuro
Abraçava as minhas próprias pernas
E chorava, chorava por noites inteiras
Tudo que eu conseguia pensar
Era na dor que eu iria sentir
Quando a felicidade fosse embora
A ansiedade me matava
Muito antes da corda ou dos remédios
Eu era um escravo da minha própria doença
E eu nunca soube como me libertar...
- Gerson De Rodrigues