OLHOS FECHADOS...

Desligo o tempo

Vagueio sonambulo

Nos momentos vazios

Faço coisas

Até versos insones

Perdidos no ontem

Arrasto na bagagem

Dias enfadados.

Canto para espantar o tédio

Minutos lamentam as horas

Sopro vestígios para longe

Sufoco-os sadicamente

Desabafo até matá-los.

De olhos fechados

Me bastam os pensamentos.

Silencio e sufoco, no silêncio

A lógica que humanos não alcançam.

Procuro não ouvir

A voz das vagas quebradas,

Não importa ouvir

Mais que o pacto dos sentidos.

Quando abrir os olhos,

A necessidade encherá o vazio.

Preciso de um porto,

Ancorar sem lembranças.

Apenas uma canção

Mal guardada dentro de mim.

Uma luz toca-me as palpebras

Para que a sinta.

A percebo mas não alcanço

Tanto quanto

A incompreensão

E o que compreende

Esses estreitos limites

De não poder abrir os olhos

Pedir ajuda a Deus

Na ridícula vaidade

De bastar-se.

Quem dera ser outra coisa

Para não precisar me ver!

Tácito

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 05/08/2020
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