Longas são as minhas noites...
Vem madrugada, outra vez
Para minha língua vem.
Pelas grades pelos olhos,
Descabelada como a angústia
A fazer-me desconfiar
Que o sol no muro,
E as asas no céu
É melhor prenúncio para mim.
Presa em jaula apertada
A alma aguenta mais séculos,
O aboio do sol. Também eu...
Deus vem vindo, ó madrugada.
Tempo diverso já vivi
Os cães latindo sabem
Latem, lambem-se e sabem
Que os brandos versos não posso mais...
Antes que acabem meus gemidos
Preciso dormir!
Não há leito macio que me absorva,
Nem sonhos que revele
Presépios no fundo da noite.
Somente a sombra prolongando
O amor de sangue e marcas
Que lhe oferto.
T@CITO/XANADU