Longas são as minhas noites...

Vem madrugada, outra vez

Para minha língua vem.

Pelas grades pelos olhos,

Descabelada como a angústia

A fazer-me desconfiar

Que o sol no muro,

E as asas no céu

É melhor prenúncio para mim.

Presa em jaula apertada

A alma aguenta mais séculos,

O aboio do sol. Também eu...

Deus vem vindo, ó madrugada.

Tempo diverso já vivi

Os cães latindo sabem

Latem, lambem-se e sabem

Que os brandos versos não posso mais...

Antes que acabem meus gemidos

Preciso dormir!

Não há leito macio que me absorva,

Nem sonhos que revele

Presépios no fundo da noite.

Somente a sombra prolongando

O amor de sangue e marcas

Que lhe oferto.

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 30/05/2020
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