A FILA DOS DESIGUAIS
Alta madrugada
E já tem gente na fila
Na fila da morte
Esperando por vida
Sabendo que a fome
Não consegue esperar...
Olhares cansados
De Marias Tristes
De Josés estressados
Cheios de tolices
Sabendo que o vírus
Pode os encontrar...
Enquanto OUTROS mamam
Nas tetas gordas do governo
O curumim pobre desmama
Porque não tem leite no peito
E seus pais sem emprego
Não podem nem trabalhar...
E já é fim de tarde
No Crepúsculo Pandêmico
João está sentado
Esperando atendimento
O mórbido diagnóstico:
O DESENGANAR.
(Jonathas Oliveira, da série Quarentena Poética)