MÚLTIPLAS SUPLICAS

Arranca da minha alma senhor

Estas marcas tão profundas,

A presença deste amor no meu ser.

Leva para longe a lembrança

dos momentos breves, efêmeros

de viver o que não existiu.

A presença desta ausência,

Desta descrença total

que espera a volta da querência

no final da dmência mortal.

É a prisão que escravisa e seduz

Em insidiosa sujeição.

Leva ligeiro, o sabor venenoso

Daqueles toques íntimos e leves.

Tira da minha boca o gosto travoso

do amor que o fenecer

não esperou amadurecer.

Leva de mim, e nem pergunte se deves.

Não quero nada, leva é teu

Eles, os vultos, deixe que partam

Ainda que fique somente o escuro

Esconjuro da clareza

Certeza da dureza

ao bater contra o muro.

Afasta de mim o cálice azinhavrado

da vida que fiz derramar

Pela urina sem rima.

Deixa o abandono do tempo marcar

O muro que não vou pixar,

Mas o tempo um dia há de ruir.

Que eu possa, passar o passo do passado,

Escapar da miséria que investe

nas consciências pesadas, suadas

De pesadelos herdados da

Insensatez da idade primeira.

Voar ao léu para o evento do céu.

Tácito

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 03/05/2020
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