Poema - 1932
Poema - 1932
Se todos os suicidas fossem
Capazes de escrever poesias
Escreveriam com o seu próprio sangue
Pois não há nada mais poético
Do que a arte de morrer
Se os Deuses nos oferecessem
Uma nova vida
Nós a aceitaríamos
Só pelo prazer de se enforcar
Há uma Poema lapidado
Em nossos corações
Todas as vezes que choramos
Sangramos Poesias
Vivenciei sozinho tragédias terríveis
Ainda que os meus olhos expressassem o desespero
Não disse uma única só palavra
E das palavras que não disse
Me sufoquei em angustias
Dentre os Doze
Judas era o único santo!
Dentre os treze
Não existia um único Deus!
Há dias dos quais eu sou uma criança inocente
Clamando por carinho e um pouco de atenção
Implorando pelo amor do próximo
Mas há dias dos quais
Vivo intensamente cada segundo desta maldita vida
Vida
Esta doença que corrói os homens
E enaltece os Filósofos
Fazendo dos Poetas Deuses improváveis
Deuses? Aonde estão todos os Deuses!?
Senão naquele grito de Desespero
Naquele pedido de perdão
Primatas caricatos
Escravos das suas próprias invenções
Despojos podres de uma legião de insetos
Como pode um homem amar mais a morte
Do que a si mesmo?
Ah o Amor (...)
Vives em mim
Com a benção de mil cupidos
Intenso como uma navalha
Profundo como a luz remanescente
De um buraco negro
Livia, amo-te mais do que
Seria capaz de expressar em palavras
Palavras...
Estas canções Poéticas
Expressada pelos homens
Recitadas por infinitas gerações
Quando o meu corpo transformar-se em cinzas
E as páginas amareladas dos meus livros
Transcenderem o tempo
Quantos destes leitores
Compreenderiam as minhas dores?
- Joguem-me em uma vala qualquer!
Não sou merecedor das estrelas
Ou da mentira dos Deuses
Matem-me sem nenhum perdão
Pois viverei eternamente
Em cada um dos meus versos
- Gerson De Rodrigues