Pedro, pedreira.
O que você quer, Pedro?
As cartas estão marcadas,
O jogo começou mais cedo.
Antes de suas mancadas.
O que você é, Pedro?
As marcas estão por aí.
Não adianta seu medo.
Seu blefe não colou aqui.
Não ganha pro pão.
Talvez algum dia
vá se casar
com a cega Luzia.
Te tomam a alegria
de levar algum amor.
Te iludem que a sorte
vai te ver algum dia.
O que vai oferecer?
Não tem mais futuro;
Nem tempo pra correr;
Você vai morrer duro!
Pedro, do que tem medo?
Nas filas não há solidão;
Paz ou sossego. Não há.
Nem pense em segredo.
Sua memória já foi
e o tempo já era.
Pra quem contar, só doi.
E remédio? Quem dera!
Pedro, vá passear!
Pega a bengala
que não pôde comprar,
tá nos planos da sala.
No quarto, ainda há cama.
Um plano de dormir;
Um horizonte que te chama.
Engana-se a sair.
Sair, para onde?
Talvez haja corrimões,
e ninguém lhe sonde
ou ria dos palavrões.
Ao ofegar na escada;
ao cair na ladeira;
Talvez morra com a cabeça
Vazia, seca e rachada.