Aquilo que me faz autista
As vezes me pego vagando
Pras nuvens olhando
Apenas pensando,
Que seria tão mais fácil
Se comigo estivesse o equilíbrio,
Pois é diferente a cor do meu espírito,
Ele é banhado com autismo
Carregando nele os traços
De Picasso.
Eu só queria não ser julgado,
Procuro pequenos meros apoios,
Eu sei que tenho
Nos laços que ando fazendo,
Nesse mundo que criei
Eu achei ...
Porém, as vezes sinto
Que demais necessito
De incentivo,
Daqueles que me ensinaram a falar
E outros que me mostraram como andar,
Jesus me disse para minha família amar,
Mas como posso se não me sinto querido?
Muitas vezes esquecido
Como um velho livro
Empoeirado na estante,
É um desespero constante
De atenção não atendida
Totalmente entupida
Com avalanches de dialetos urbanos não resolvidos,
Culpando quem não tá envolvido
Com a rotina já planejada,
O que fazer se topei outra jornada?
Tento me encontrar,
Mas assim não dá,
Difícil é respirar,
Nesse regulamento
Que exigi bom comportamento
Do meu anormal ,
Só queria em fim ser normal.
Não é como desenhar
Quatro linhas em um papel,
É de estressar do fio do cabelo mais alto
A ponta dos pés,
Só queria no vácuo do silêncio dar um salto
E agarrar o tal do gurupés
Desse navio,
Como eu tão vazio,
Olhar a bombordo
E velejar no meu modo.
A casa tem seus cantos
Que protege da chuva externa
E nunca da externa,
Minha alma se desmancha em prantos
Remoendo a idéia de encontrar meu canto,
Para alcançar meu raiar
Do qual ouvi falar.
Se mantenho os pés
Nesse convés,
É
Que desse mar
Me decidi me arriscar
Mais uma vez
Por aqueles
Que posso chamar de lar,
Pois me ensinaram como me amar
Com imperfeições tão perfeitas,
Só tenho que aceitar
Como o universo me aceita.