Poema – Insônia part 2
Poema – Insônia part 2
Amaldiçoado com a benção divina
me casei com a solidão
para dar à luz
ah um suicídio inquietante
Eu deveria seguir o conselho dos homens
ou a frieza do meu coração?
Calado como um parasita
planejo o meu suicídio em silêncio
Há uma corda na primeira gaveta
do meu guarda roupa
eu guardo ela desde
os meus dezesseis anos
Todas as noites eu me pergunto
por que eu ainda estou aqui?
Se a chave que me libertará desta prisão
está no meu pescoço há muito tempo
Hoje fazem oito dias que eu não fecho os olhos
consigo escutar judas gritando em seu
próprio crucifixo
Palavras que fariam de mim
um homem santo
- Eu estou louco?
ou é só a insônia?
Hoje pela manhã eu fui até a livraria
fazem anos que eu não vou até lá
Encontrei alguns livros
para me fazer companhia
Mas os meus olhos cansados
são incapazes de lê-los
Voltei para casa faltando
dez minutos para meia noite
deixei os livros em uma praça qualquer
Talvez alguém capaz de lê-los os encontre
e na minha solidão encontre abrigo
para os monstros que vivem em sua mente
Talvez eu deva tomar um banho
ligo o chuveiro
E as lágrimas tornam-se mais fortes
do que a vontade de continuar
Pelo menos aqui ninguém
pode me ouvir chorando
- Como se alguém fosse se importar
ou tampouco me ouvir...
Já são quase seis horas da manhã
escuto os pássaros cantando
Em sua sinfonia existe uma dor
que somente os suicidas podem compreender
Afinal,
do que vale a liberdade?
se não temos pelo que vivê-la...
Já passou da hora
de tomar os meus medicamentos
Os homens de branco dizem
que há algo de errado com a minha mente
Talvez se eu tomar todos eles
eu esteja finalmente curado
É melhor eu me despedir antes
- Alô? Mãe?
Eu só liguei para dizer que a culpa não é sua
Há um sorriso estampado em meu rosto
eu finalmente vou fechar os meus olhos...
- Gerson De Rodrigues