ANGÚSTIA
Eu te esperei
Com requintes de ansiedade
Nas areias petrificadas
Das ampulhetas
E nos ponteiros enferrujados
Dos relógios
.
O tempo é comparsa
Das inquietudes
A tanger nossos devaneios
Quando nos espreita
E nos pirraça
Pela rua estreita
Onde vagamos
Em companhia da solidão
.
Ele nos rouba os sonos
Para nos restituir
Nas madrugadas insones
Em sonhos inacabados
.
E quando achamos
Que o debelamos
Em pretensas resiliências
Nos embebedamos
Com os silêncios
Que ele regurgita
.
E nesse compasso
Traçamos a circunferência
Dessa existência febril
Que teima em voltar ao mesmo
Ponto de partida
Porto de despedida
.
E assim, vamos barganhando
Certezas por desejos
Vontades por esperanças
Verdades por ilusões
.
E quando percebemos
Morremos primeiro
Antes de ter vivido
Toda a espera.
.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
(Direitos reservados. Lei 9.610/98)