ANGÚSTIA

Eu te esperei

Com requintes de ansiedade

Nas areias petrificadas

Das ampulhetas

E nos ponteiros enferrujados

Dos relógios

.

O tempo é comparsa

Das inquietudes

A tanger nossos devaneios

Quando nos espreita

E nos pirraça

Pela rua estreita

Onde vagamos

Em companhia da solidão

.

Ele nos rouba os sonos

Para nos restituir

Nas madrugadas insones

Em sonhos inacabados

.

E quando achamos

Que o debelamos

Em pretensas resiliências

Nos embebedamos

Com os silêncios

Que ele regurgita

.

E nesse compasso

Traçamos a circunferência

Dessa existência febril

Que teima em voltar ao mesmo

Ponto de partida

Porto de despedida

.

E assim, vamos barganhando

Certezas por desejos

Vontades por esperanças

Verdades por ilusões

.

E quando percebemos

Morremos primeiro

Antes de ter vivido

Toda a espera.

.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

(Direitos reservados. Lei 9.610/98)

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 02/10/2019
Código do texto: T6759002
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