Rastro Rápido

No rastro rápido de um silvo,

O badalar das vozes repetidas,

Um coro de marionetes vivas,

Numa teatrologia de faces vencidas.

Nesse ribombar de riso cruel,

Trincando os desprazeres rotos,

Esculpindo a amargura do fel,

Num vomitório de simples arrotos.

Cada queda quebra um orgulho,

Lapidando essa mina de refugos,

Faz alastrar o sopro da putrefação,

Regurgitando esse rio de lama confuso.

Inunda os poros patéticos,

Ao ponto de asfaltar a epiderme,

Em caudalosos dejetos,

Tornando-se humanos pântanos inférteis.

Qual desespero de poucos,

Pela onda que engole sem mastigar,

Com lambidas de movimento rouco,

Na fome insaciável de comer até matar.

Pelo retrato o recado de um passado,

Que persiste nas imagens foscas,

A procura de um alívio imediato,

Já que a desesperança voa feito moscas.

Cada pé ficando uma pegada não respondida,

Na selva amarronzada de sujeitos desvalidos,

A fé como último refúgio dos que sofrem em vida,

Procura acalentar esses seres de Brumadinho.

Sobra a fúria da ganância cega,

O horror diante da anunciada miséria,

Aquele pranto amargo misturado à pilhéria,

De quem faz cálculos mesquinhos da bolsa em ALTA,

ou em que

da].

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 03/02/2019
Código do texto: T6566032
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