Lamaçal
Lamaçal
Nada matreiro ele apareceu em Brumadinho,
veio esbarrando entre redemoinhos de terras
e águas volumosas, untando paredes, pássaros e passos, mutilando rapidamente os seres animados e inanimados da flora e fauna.
Alucinado ele apareceu amarrotado e sujando
pratos e talheres, levando a bola do menino,
condenando a boneca da menina, sufocando
o mugir do boi, o latir do cão e o falar do homem desesperado em meio ao atoleiro desenfreado.
Delírio ou realidade seria tudo aquilo á frente?
A morte se achegou e aconchegou na cor marrom com olhar sério e preciso, sabendo porque veio e a quem veio buscar.
De forma dissimulada deu rasteira no auge do triste momento da natureza amedrontada. Intolerante, sem dó com total impaciência querendo destruir tudo a sua volta sem dar tempo ao pensamento tão pouco aos gritos de desespero e clemência.
Hoje ele deixou a sua marca na mente e no coração daqueles que Brumadiaram numa vida de esperança longe de qualquer lamaçal.
Rosane Margarete de Souza 26/01/19