Hoje o sol não nasceu
Hoje o sol não nasceu
Escondeu-se da minha face cansada
Amarrotada pela noite mal dormida
As flores ainda estão molhadas pelo orvalho da madrugada
Mas como o sol, tu não vieste...
E a saudade é tão imensa
Grandiosa como meu amor que de nada vale
E porque hoje o sol não nasceu minha face está mais pálida
Minhas carnes mais frias, enrugadas pela humidade do tempo
e dos rios que passam sobre mim
Desembocam em mim suas correntes
Afogam-me, sufocam-me com tanta beleza
Eu, que não nasci para contemplar beleza alguma!
Sou aquela que é feita de tantos vazios que não cabe em si
Precisa desabafar nestes poemas medonhos
Nesta poesia insana, profana_ horrenda!
Onde a alma sangra a dor de existir na solidão
Coração destroçado pela indiferença do ser querido
Pelos olhares que nunca pousaram nos meus olhos
Pelas mãos distantes
Acariciando outras faces
Em enlaces que sei serem muitos
Mas nunca comigo
Nunca cousa alguma para mim...
E hoje o sol não nasceu...
Escondeu-se dos meus versos.