CANSAÇO

Sente-se cansada

Imensamente cansada

E nem mesmo sabe o que a exaure

Se a fadiga da luta incessante contra o tempo

Se o labutar contra a própria deterioração

Contra a necrose em vida, ainda

Se o esforço para suprimir a loucura_ busca pela razão

Se as horas imbuídas de tristeza pelo amor que nunca virá

Jamais veio com a totalidade e a certeza que almejou

Ainda que tenham vindo paixões arrebatadoras

Cheias das delícias que os corpos buscam

Mas apenas isso

Paixões

Sem ternura

Sem candura

Sem poesia

Não houve poesia

Não houve!

E isto cansa

Num cansaço que impele ao encontro de nada

Ao mesmo momento que sente tudo

E sente tanto por este nada

E sente mais ainda por este tudo que não trouxe completudes

Certezas

Profundidades

Apenas vazios

Vazios abismais

Viscerais

Sem ao menos buscar a não ambivalência

O ser menos quebradiço

Menos fronteiriço

Somente o eu no espelho do banheiro sujo

Estraçalhado

Cacos que sangram os pés

Por isso, o cansaço...

Total exaustão de si mesma.

Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 31/08/2018
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