Labuta o dia
Brisa alguma acaricia
... E não é só a brisa que cessou o toque
As mãos também se cansaram
A boca negou o beijo
Os braços pendem, frouxos de abraços
Enquanto isso, fenece o riso,
os sorrisos já não são tão brancos.
E os sonhos?
Ah, e os sonhos se tornaram quimeras!
Mas nem com tanto, calou a poesia...
E há de se duvidar que um dia se cale
Ainda que a roseira não oferte o botão
Ainda que estronde o furor do canhão
Ainda que o sangue se derrame pelo chão
Há de haver sempre uma erva no campo
O poeta saberá que há
...E o poeta cantará o verso
Nem tão doçura
Nem tão gozo
Nem tão belo.
Mas o poema,
lúcido ou desvairado das razões que sustentam o mundo,
surgirá por entre o despontar
do alvorecer.