COMO ENTERRAR O QUE POR SI SÓ SE DESENTERRA?

Como enterrar o que por si só se desenterra,

Parecendo mágica, mas na verdade é quimera,

Quimeras, pequenices,

Na verdade, sandices...

Não fosse assim, haveria recomeço,

Seriam tão poucos os tropeços.

O caminhar seria leve, prazeroso,

Assim, como ter paz é gostoso.

Não fosse assim, veria futuro,

Teceriam sonhos os que dão duro,

Haveria prazer no executar trabalhos,

Teriam olhos para a manhã e o orvalho.

Mas é tudo angústia, tudo incerteza,

Embora lute na busca da beleza,

Encontra só um corpo que lastima,

A ausência da alma que o anima.

E na prostração a que se entrega,

Apenas a memória age e desenterra,

As velhas lembranças sufocadas,

Que outra vez te põe a alma abalada.

Onde estarão os risos e sinos,

Que tanto falam recebem os peregrinos,

Andantes na busca da sonhada alegria,

E à chegada pedem o coração à sangria?

Ando... ando... e nas minhas encruzilhadas,

Não há setas por ali cravadas,

Indicando... pegando-me a mão,

Oferecendo um colo a quem é só emoção.

Não há razão onde há dor,

Apenas um coração sofredor,

Que nesta hora de angústia,

Quer com a sua empatia, um tanto de valentia.

Um gesto, um toque, uma palavra,

Algo que mais fundo crava,

E enterra o que desenterra,

Que volta ferindo mais fundo,

De forma que seja cessado,

Que deveras se torne passado,

Que possa viver um futuro,

Com certezas, paz e seguro!

Toque-me,

Conduza-me,

Enfoque-me,

Induza-me!

Ilumina-me, Obriga-me.

Retira-me dessa sina,

Que me mina,

Descansa-me da fadiga,

Dê-me seu colo que me livra.

Nesse encanto,

Desfaz-se o desencanto,

E as lembranças não mais ferem Minh´ alma,

Recomeço a caminhar descansado,

Sem me sentir fracassado,

Se o corpo está compensado,

Revigorada e viva está esta alma.

Irani Martins

13/08/2016

Irani Martins
Enviado por Irani Martins em 23/10/2016
Código do texto: T5800769
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