A ESPERANÇA MORTA
Thiago Alves
Acampai neste terreno ainda baldio
Na calefa de meu peito embriagado
Pelo latejo de meu coração cansado
De trafegar por esse caminho sombrio.
Eu que cansei de pesquisar sem brio
Os anseios cobiçados do desejo
Na distância quando mais olho, vejo
A ESPERANÇA fugir de mim como água no rio.
Como um junco no lago a tremer de frio
Como a cauda de uma pipa a acenar
Como a vela de um barco lá no mar
Como a águia preparando um desafio.
Oh! “Força estranha”, ainda há lugar sadio
Que em teu nome meu almejar te busca
Para o abrigo em meu ser. Mas, se ofusca
A transparência do mero espaço que crio.
E na cratera desse vulcão vazio
Sem mais lançar de seu magma acesa
Sai do sepulcro e vem se por à mesa
O DESENGANO posto em prato frio.
E eu a fazer sala em meu calar sutil
A esse monstro que me amedronta
Que me tapa a boca e me faz afronta
Sou obrigado a me tornar hostil.
Mas, se essa sombra que ninguém previu
Rondando a luz que se apagou, já morta
Se o TAL FANTASMA me bater à porta
Vindo a saber se aqui mora um vil!
Matem-lhe a sede, lhe encham o cantil
E me puxem a manta se ainda me cobre
Chamem por meu nome despertando um pobre
Desse pesadelo que ninguém mais viu.