A ESPERANÇA MORTA

Thiago Alves

Acampai neste terreno ainda baldio

Na calefa de meu peito embriagado

Pelo latejo de meu coração cansado

De trafegar por esse caminho sombrio.

Eu que cansei de pesquisar sem brio

Os anseios cobiçados do desejo

Na distância quando mais olho, vejo

A ESPERANÇA fugir de mim como água no rio.

Como um junco no lago a tremer de frio

Como a cauda de uma pipa a acenar

Como a vela de um barco lá no mar

Como a águia preparando um desafio.

Oh! “Força estranha”, ainda há lugar sadio

Que em teu nome meu almejar te busca

Para o abrigo em meu ser. Mas, se ofusca

A transparência do mero espaço que crio.

E na cratera desse vulcão vazio

Sem mais lançar de seu magma acesa

Sai do sepulcro e vem se por à mesa

O DESENGANO posto em prato frio.

E eu a fazer sala em meu calar sutil

A esse monstro que me amedronta

Que me tapa a boca e me faz afronta

Sou obrigado a me tornar hostil.

Mas, se essa sombra que ninguém previu

Rondando a luz que se apagou, já morta

Se o TAL FANTASMA me bater à porta

Vindo a saber se aqui mora um vil!

Matem-lhe a sede, lhe encham o cantil

E me puxem a manta se ainda me cobre

Chamem por meu nome despertando um pobre

Desse pesadelo que ninguém mais viu.

Thiago Alves Poeta
Enviado por Thiago Alves Poeta em 25/02/2016
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