SAMBA (NAVE DO PASSADO)
Tenho andado tão calado
Cabisbaixo e desolado
Pelos cantos da cidade.
Já não tenho mais o alento
Dos teus beijos ou os do vento
Nem o abraço da amizade.
Tenho andado tão sozinho
E assim, no meu caminho,
É difícil de seguir.
Sou refém dessa saudade,
Um órfão da felicidade
Que não tem mais onde ir.
Tenho andado desolado
Mas a nave do passado
Explodiu de vez no ar.
Mesmo sendo tão escuro
Ponho os olhos no futuro
E tento continuar.
Se você sentir saudade
E ao andar pela cidade
Vir a vontade de chorar
Saberá que a minha vida
Tão amarga e tão sofrida
Foi difícil de levar
Que eu fui feito uma criança
Cuja única esperança
Era um dia acordar
Em um mundo ensolarado
E na nave do passado
Sem remorsos embarcar.
Mas nós somos estudados
E sabemos que o passado
Ele não existe mais
Sei que tudo que existe
É só um presente triste
Onde os dias são iguais.