Amor lascado

Fui traído pelo sentimento que mais prezei,

Num adeus chorado que foi, abandonado pelo amor que cultivei eu fiquei,

Rancoroso com minhas decisões,

Largado ao deus dará eu chorei.

Sentado, sentindo-me medíocre,

Minha paixão de avalassadora virou matadora,

E agora eu como dos erros da volta que nunca aconteceu.

Mastigo uma angustia que vem do diafragma,

Com aquele suspiro fundo, choro falso dos poetas mal intencionados,

Fui canalha, errei e me tornei cinzas e voltei, pra no final,

Me ver com concorrentes a mil, fiquei para trás,

Perdi meu brio.

Virei historia, passado condenado ao esquecimento,

Sem pedido de desculpas, sem razão,

Nem sequer posso reclamar por um tostão,

Um beijo, ou afago em questão.

Respiro meu cigarro, bebo de minha fumaça, da poeira que me tornei,

Cada trago é um ato falho, de um coração torturado,

Por esse amor mal terminado.

Me tornei alvo de suplicas das quais acatei,

Entendi meus erros e acredito que melhorei,

Pra depois ver os mesmos erros e promessas não cumpridas,

Um plano armado, já arquitetado,

Começado em outro mundo, longe dos meus braços.

Criei minha própria dor, sofro por esse desamor,

Me iludi pensando que não iria sentir esse pavor,

Virei confete velho, purpurina gasta, uma mancha nesse enorme coração,

Que sem esforço nenhum, abre espaço pra mais um.

Me prendo a nicotina, a algo que talvez me lembre amor,

Uma bebida aqui e outra alí, viro poeta sem rancor,

Sofrendo apenas de mais um desamor.