PEQUENA ODE PAULISTA

São Paulo! Salve, Mário de Andrade!

Meu coração é como os ferros da Estação da Luz!

Das horas da minha curta e solitária infância

Trago na boca o teu sabor amargo.

Mas de que valem as mãos se não para acenar

E de que vale a boca se não para dizer adeus?

Mas de que vale o coração

Se não para nos seus recônditos abrigos

Guardar uma saudade impertinente?

Saudade sim, das tuas molduras de concreto,

Do teu céu de chumbo e do teu rosto indiferente.

O que seria de mim se não fosse a tua solidão,

São Paulo?

A estrada da vida não é feita de asfalto

Não obstante, nela a grama já não cresce.

Nas ruas nadam peixes de metal

Rumo ao mar que nunca alcançam.

Olhos de vidro das janelas

Passam mirando minha melancolia.

Sou filho dos teus rudes trejeitos, São Paulo.

Da fina garoa que reflete

A tristeza que guardo no meu peito

E as feias flores que crescem na sarjeta

São minhas tristes irmãs neste destino.

Alexandre Magno
Enviado por Alexandre Magno em 01/03/2015
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