Amarguras
Triste noite no terraço da abandonada casa, depressivo sob o céu e tentando pela última vez sorrir... Sorriso esquecido em lugares escuros, cercado por paredes úmidas e pútridos caramujos
São tantas as vontades que tenho, mas nesse exato momento não poderei prosseguir... Ficarei imóvel como uma fria estátua, olhando para a escuridão vestido em trapos sujos.
Viajo a todo vapor em pensamentos pessimistas, que se juntam em segundos aos maus ventos
A minha frágil alma é facilmente lançada ao abismo, levando consigo o meu dolorido coração
Sou um pobre ser que foi abandonado junto às doenças, obscuridade e delírios aos olhos de mil tormentos. Arvoredo sem as suas fortes e velhas raízes, detrito no rio de angústias às margens da cruel ilusão.
Incêndios catastróficos figuram nos meus sonhos mortos, extinguem a esperança e a rara alegria
Lágrimas petrificadas rolam pelo assoalho imperfeito, esbarram nas paredes e retornam ao meu olhar. Rosto inexpressivo com intermináveis vincos, exposto contra a vontade à enfática nostalgia. Sangue amargo que escorre lento pelas narinas. Vítima eterna da tristeza a afogar-se no imenso mar.
Medíocre fantoche nas mãos ácidas da amargura, por quase todos os anos preso a essa redoma de concreto. Absurdamente indefeso sem a sua lança e escudo, alvejado sem misericórdia pela carrasca depressão. Meus fracos gritos e grandes lamúrias nunca serão percebidos. As ruas estão vazias como um imenso deserto. A morte sobe as escadas com sua sangrenta arma. O tempo se finda agora e foi cumprida a missão.
Alexsandro Menegueli Ferreira- 27/11/2012