Jardim Obscuro
Águas poluídas, beleza sem fragrância
Afoitas gaivotas circulam sem destino
Barcos à vela, às margens em decadência
Olhos cansados na face de um menino.
Infinitas razões tenho para calar
Coerência nenhuma tem o meu viver
Distintas emoções tendem a se expressar
Frieza e incerteza integram-se ao meu ser.
Orgulho ferido, um túnel sem fim
Vontade insaciável e leveza abalada
Tristeza no peito, obscuro no jardim
Explicação inexplicável, nenhum conto de fadas.
Perdido no mundo, cansado e vencido
Amizade esgotada, dor, calafrios...
Sozinho na praia, velho e ferido
Integridade esmagada, lançada ao rio.
Imaginação limitada, estranheza no andar
Pessimismo na alma, declínio em casa
Perguntas sem respostas, virtudes não há
Ideias extintas, tomadas em brasa.
Excluso da sociedade, sem esperança, sem vaidade...
Personagem inanimado, fragilizado.
Invenção desastrosa, sem nenhuma verdade
Correntes lhe impedem, chora isolado.
Ignora o prazer, da vida não aproveita nada
Inutilidade e covardia, incoerência no dizer
Desconhece a alegria, sem fim a estrada
Passos marcados, amor por florescer.
Alexsandro Menegueli Ferreira- 29/08/2002