Rotina

Rotina

As coisas desabam e você finge não ver,

Quando o silêncio nos toca de maneira brutal,

As palavras faltam e as cobranças vem,

A dor simula sua não-existência,

Mesmo quando lateja dentro de nós.

O veneno escorre de sua boca seca,

Quando um beijo rouba sem ninguém ver.

A vontade de deixar de existir vem à tona mais uma vez,

Vou sumir, desaparecer,

Desvanecer.

Tendo um devaneio dolorido ao acordar,

Um sonho ruim que veio tentar me assustar.

Acordo assustado e você não está lá,

Onde você estava?

O dia é cinza e chuvoso,

As coisas desandam e minha vontade some,

O desejo pisca, e por um instante eu não existo.

Não quero estar onde estou,

Quero fugir, cair num mar limpo, longe de todo o caos.

Essa cidade suja que me deixa com nojo de existir...

Pegar minhas coisas, meu saco de roupas velhas e alguns livros,

Uma bijuteria o outra,

Guardar uma ou talvez duas lembranças dessa vida miserável.

Talvez levar um sorriso comigo, ou não.

Fugir dessa vida fútil, onde tudo é cerveja, cigarros, carros, bagunça,

Trabalho inútil, conversas que não valem a pena serem lembradas.

Vou fugir, sumir e recomeçar de novo,

Do zero em algum lugar novo.

Desaparecer dessa ruína, fugir dessa vida cretina,

Que os meus e seus olhos só vêem desmoronar,

Tudo o que eu quero é paz e um lugar sossegado,

Uma sombra fresca e calmaria,

Longe de toda essa cidade bandida,

Vamos fugir dessa vida,

Me acompanha nessa fuga da minha rotina?

Minari
Enviado por Minari em 06/06/2014
Reeditado em 24/02/2023
Código do texto: T4834631
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