Rotina
Rotina
As coisas desabam e você finge não ver,
Quando o silêncio nos toca de maneira brutal,
As palavras faltam e as cobranças vem,
A dor simula sua não-existência,
Mesmo quando lateja dentro de nós.
O veneno escorre de sua boca seca,
Quando um beijo rouba sem ninguém ver.
A vontade de deixar de existir vem à tona mais uma vez,
Vou sumir, desaparecer,
Desvanecer.
Tendo um devaneio dolorido ao acordar,
Um sonho ruim que veio tentar me assustar.
Acordo assustado e você não está lá,
Onde você estava?
O dia é cinza e chuvoso,
As coisas desandam e minha vontade some,
O desejo pisca, e por um instante eu não existo.
Não quero estar onde estou,
Quero fugir, cair num mar limpo, longe de todo o caos.
Essa cidade suja que me deixa com nojo de existir...
Pegar minhas coisas, meu saco de roupas velhas e alguns livros,
Uma bijuteria o outra,
Guardar uma ou talvez duas lembranças dessa vida miserável.
Talvez levar um sorriso comigo, ou não.
Fugir dessa vida fútil, onde tudo é cerveja, cigarros, carros, bagunça,
Trabalho inútil, conversas que não valem a pena serem lembradas.
Vou fugir, sumir e recomeçar de novo,
Do zero em algum lugar novo.
Desaparecer dessa ruína, fugir dessa vida cretina,
Que os meus e seus olhos só vêem desmoronar,
Tudo o que eu quero é paz e um lugar sossegado,
Uma sombra fresca e calmaria,
Longe de toda essa cidade bandida,
Vamos fugir dessa vida,
Me acompanha nessa fuga da minha rotina?