- uma gaivota perdida no céu de Ipanema -

Um solo de violino

ecoa na praça em frente

enquanto a morte

sobrevoa o céu de Ipanema

como se fosse uma gaivota

cinza e solitária

que perdeu o rumo de casa

A música se repete exaustivamente

mas a garota já não existe

há muito se retirou de cena

refugiando-se nos bastidores

longe dos flashes e das canções

à espera do derradeiro ato

A glória passada

- momento fugaz e transitório –

restou aprisionada

nas retinas e lembranças que morrem

e em antigos álbuns de retratos

A imponência e altivez

fogem, em doloridos suspiros,

pela janela aberta

em busca do mar

Talvez, fosse hora de chorar

mas, lágrimas não traduzem

a densidade da hora

só passível de caber num poema. . .

- por José Luiz de Sousa Santos, em Ipanema, num domingo de sol exterior, 09/02/2014 -