PELO MENINO

Eu tenho vocação para a tristeza.

Constato nos meus olhos, ao espelho.

Todos os demais, momentos.

Tristeza tênue, morna e constante.

Tristeza apenas.

Refletida nos olhos, onde me vejo.

Há algo de não realizado no fundo deles

Alguma ideia não nascida, martelando.

Um sonho abortado ou esquecido

Um quê de irrealizado

Um final de esperança como um feto natimorto.

Meus olhos nunca sorriem,

Perscrutam a face do menino que fui,

E que se esvaiu no tempo

E que de algum lugar grita por alento e afago/

Olhos inquisitórios e taciturnos.

A mente, que olha a si mesma

Por trás dos meus olhos,

Engendra palavras que teimam em não ser poema

Palavras se querem livres

Para além dos sentimentos cinza

E das vocações inverossímeis...

Nairson Luiz Santos
Enviado por Nairson Luiz Santos em 12/02/2014
Reeditado em 02/12/2021
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