AS VITRINES

Nos teus

olhos

também

posso ver,

as vitrines

te vendo

passar,

na galeria,

cada clarão,

é como

um dia

depois

e outro dia,

abrindo

um salão.

Passas

em exposição,

passas

sem ver

teu vigia,

catando

a poesia,

que entornas

no chão.

As Vitrines (Chico Buarque)

Eu te vejo sumir por aí

Te avisei que a cidade era um vão

Dá tua mão, olha prá mim

Não faz assim, não vá lá, não

Os letreiros a te colorir

Embaraçam a minha visão

Eu te vi suspirar de aflição

E sair da sessão frouxa de rir

Já te vejo brincando gostando de ser

Tua sombra a se multiplicar

Nos teus olhos também posso ver

As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão

É como um dia depois de outro dia

Abrindo um salão

Passas em exposição

Passas sem ver teu vigia

Catando a poesia

Que entornas no chão

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 12/04/2007
Código do texto: T447114
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