MEU TESTAMENTO
 
Quero deixar minha poesia
Para os que adentram o peito,
Como aquele que abraça o dia
Sem pensar na vida, no leito.
Quero deixar meus versos
Para os que como eu, viaje,
Imergindo no infinito do eu,
Mesmo que os sonhos perversos
Os traia nos desejos, ultraje,
Que o pesadelo prometeu.
Quero deixar meus poemas
Para os que beijam o mundo,
Florescem nas céleres manhãs,
E marcham sem rumo, vagabundos.
Visitem museus imersos nos sonhos,
Torre Eiffel, Coliseus, Aquiles, Zeus,
Regressando os pesadelos medonhos,
Catalisando todos os poderes de Deus.
Oh, esquinência das pobres almas,
- Por favor, me deixe sozinho, -
Compreenda minha eterna vida!
A cegueira já refaz meu caminho.
Quero deixar minha prosa,
Paras os amigos, inimigos,
Concubinas, mulheres que beijei,
Uma parte de mim para as rosas,
Outra parte para o cravo que matei.
Quero deixar meu poetrix
Pendente num prego de ouro,
As poucas letras que fiz,
Distintas na pele, no couro.
Quero deixar minhas frases
Reunidas num sentindo concreto,
Expressa na boca, pares, milhares,
Em uma junção de pessoas, um concerto.
Quero deixar meus contos
Para que mergulham em sonhos leves,
Correm por todos os cantos
Voando sem asas, ultraleves.
Quero deixar meus artigos, meus textos,
Para os amigos incomuns,
Aqueles que pesquisam os contextos
Fazendo um contra texto comum.
Quero deixar meus cordéis
Para sertanejos bravos e puros,
Aqueles que descrevem em papeis,
Suas paixões, histórias, futuros.
Quero deixar minhas histórias
Para aqueles que nunca contornam,
Passam nos sonhos suas memórias
Mas permanecem no que adornam.
Por fim quero deixar meus pensamentos
Presos no passado, presente e futuro,
Quero estar em todos os teus momentos,
Impresso nos teus sonhos, nos livros, nos muros.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 24/07/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4401546
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