REFLEXÕES
“Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta – sonhou – e amou na vida.”
(Alvares de Azevedo)
No horizonte ficou a onda de expectativas chamada vida.
Tudo tão brusco
Não fiz tudo o pensava fazer
Não sonhei tudo o que pretendia sonhar
Não amei tudo o que queria amar
Não contei todas as histórias que sabia
Não transmiti toda a experiência acumulada
Não chorei todas as lágrimas
Não dei todos os abraços
Não escrevi as últimas poesias
Não pedi todos os perdões que precisava
Sequer esqueci a fórmula de Báscara
Em quantas chuvas deixei de brincar?
E os amigos que não visitei?
E as tarefas que não conclui?
E os amores que não vivi?
E a despedida que não houve?
E meus perfumes?
A comida que eu mais gostava?
E a minha música preferida?
O café que não tomei?
E isso são horas? Não vivi tudo ainda.
Eu preciso desocupar a mesa.
Eliminar pista.
Destruir provas.
Organizar meus trecos.
Justo agora que eu pretendia
Pegar leve comigo mesmo.
Errar muito, errar mais.
Conceda-me, ao menos,
Declamar mais dois versos...
“Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta – sonhou – e amou na vida.”
(Alvares de Azevedo)
No horizonte ficou a onda de expectativas chamada vida.
Tudo tão brusco
Não fiz tudo o pensava fazer
Não sonhei tudo o que pretendia sonhar
Não amei tudo o que queria amar
Não contei todas as histórias que sabia
Não transmiti toda a experiência acumulada
Não chorei todas as lágrimas
Não dei todos os abraços
Não escrevi as últimas poesias
Não pedi todos os perdões que precisava
Sequer esqueci a fórmula de Báscara
Em quantas chuvas deixei de brincar?
E os amigos que não visitei?
E as tarefas que não conclui?
E os amores que não vivi?
E a despedida que não houve?
E meus perfumes?
A comida que eu mais gostava?
E a minha música preferida?
O café que não tomei?
E isso são horas? Não vivi tudo ainda.
Eu preciso desocupar a mesa.
Eliminar pista.
Destruir provas.
Organizar meus trecos.
Justo agora que eu pretendia
Pegar leve comigo mesmo.
Errar muito, errar mais.
Conceda-me, ao menos,
Declamar mais dois versos...