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Perfil

Biografia
 
Nasci em Carazinho, no Rio Grande do Sul no distrito de Pinheiro Marcado.
 
Antes disso peguei carona com meus antepassados desde Montoya.
 
Sou o décimo primeiro filho de Francisco e Elvira. Cheguei quase junto com a primavera de sessenta e três.
 
Me criei meio bicho-do-mato.
 
Vivíamos sem luz, sem água encanada. Sem TVs, telefone, vídeo game, geladeira, freezer...
 
Um mundo de terra batida, estradas de chão, atoleiros, cavalgadas, passeios de carroça.
 
Cereais moídos no moinho colonial, colchões de palhas de milho, acolchoados de lã de ovelha. 
 
Nossa diversão era futebol de campo, bailes, festas de igrejas, reuniões dançantes, pescarias, piquenique, mergulhos em rios, caminhadas e longas e descontraídas conversas entre amigos.
 
Vi e ajudei um pouco na lavoura. Capina manual, colheita manual, plantio manual. Cercas de arame, frutas no pé, bichos no pé, pregos no pé, machucados no pé.
 
Parreiras abundantes, vinhos em pipas, mel em toneis, carne conservada na banha.
 
Salames pendurados no porão, queijos secando nas tábuas. Água de poços comuns. 
 
Galinhas caipiras, porcos caipiras, festas caipiras, eu caipira.
 
Novenas em terços noturnos. Uma noite em cada casa. Missa aos domingos.
 
Novela de rádio, futebol de rádio, pilha de rádio, notícias de rádio, modelos de rádios.
 
Respeito acima de qualquer outro valor. Humildade talhada no dia a dia.
 
Machado na lenha para o fogão. Arroz com feijão ...

Lanche de pão com banha, com sorte uma polvilhada de açúcar.
 
Natal com bolacha de forno a lenha, cuca com farofa e pães caseiros.
 
Batata doce assada no forno, pinhão cozido com grimpas.
Fogo de chão, ovos nos ninhos. Arapucas nas beiradas dos matos.
 
Outro século, outros tempos, outra geração, outro ambiente.
 
Tenho certeza que a vida era bem mais lenta, bem mais calma, bem mais vivida.
 
Época mais poética, mais romântica, mas acolhedora e acima disso, mais inspiradora.
 
Meu nome é de origem indígena, algo como “aquele que provoca dor”.
 
A poesia é o gênero que sempre me encantou, até para me ajuda a amenizar as dificuldades da vida.
Posso dizer que escrevo para ficar em paz e equilibrado comigo e com o mundo.
 
Já que somos finitos, que se eternizem os poemas, que se perpetuem os versos e a beleza poética recitada pela sensibilidade humana.
 
(Moacir Luís Araldi)
https://www.moacirluisaraldi.com.br