TEMPESTADE (Liberalino)
Ao longe o vento vomita
Seus impropérios medonhos
Contra o meu reino de sonhos
E de canções populares
E em sua mágoa infinita
Agita as nuvens pacatas
E rompe os seios das matas
E encrespa a face dos mares
Enquanto a brisa tranqüila
Murmura um salmo suave
E embala um ninho sem ave
Para matar a saudade
A minha estrela cintila
Na imensidade celeste
E o ramo de verde se veste
Para que a sombra me agrade
Que o vento lavre o deserto
De face cálida e nua
Que até os impérios destrua
Em seu roteiro macabro
Mas nunca chegue tão perto
Do paraíso em que vivo
E nem se faça agressivo
Junto às veredas que abro...