SPLEEN*

Chove...

A cidade outrora ensolarada

Reveste-se de um manto cinza e triste.

A chuva se alonga ao meu redor

Como grades de prisão

E as ruas estão molhadas

Como se eu tivesse chorado sobre elas

Toda a minha dor.

Os carros andam sem destino

Como enormes formigas de aço

E no interior de uma delas

Eu estou, e também rumo

Sem destino...

É possível tirar desse desfolho

Alguma matéria de poesia?

Há uma cena que sempre se repete.

Há um ponteiro morto no relógio.

Há uma paixão dormente no meu peito,

Que é fria como gelo e quente como angústia.

Há uma vontade de fugir pra algum lugar

Jamais pisado, visto ou sequer sonhado...

Mas eu levanto... Chove...

Encho minhas asas com o vento frio de Janeiro

E atiro meu corpo aos abraços do Sol,

Inutilmente... garras de tédio me agarram os tornozelos

Me prendendo ao chão... Sou apenas uma ave

Tentando furar um céu de chumbo...

*Termo francês que significa algo como melancolia ou tédio.

Alexandre Magno
Enviado por Alexandre Magno em 19/02/2013
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