Boêmio
Boêmio
E eu achando que podia contar contigo como você conta comigo.
Imaginando aqui que às vezes só você pode entender,
Esse meu jeito errado de ser.
Olhando por ti e tomando conta de você,
Vou me redescobrindo e vejo que nunca fui o que queria ser.
Sou boêmio e vagabundo,
Dono de um samba que não toca no meu carnaval,
Um enredo arruinado que eu tenho dentro de mim,
Esperando poder sair.
Coração amargurado, que pesa e bate forte,
Como a cruz que outrora pesou no meu peito,
Não me venha com ladainhas,
Historinhas tristes de cena mexicana,
Dramas a parte de uma piada infame,
Que só me conduz a um delírio e uma raiva em apenas um instante.
Se procuro ou ignoro confusão,
Agora só vai ser problema meu,
Saber de meus segredos, talvez não mais.
Venho correr pro desabafo,
E só recebo desagrado,
Bronca que não tem vez,
Quando na verdade esperava talvez um afago ou um suspiro,
Que com certeza me deixaria encurralado.
E agora eu choro de verdade,
Como o coração que bate sendo cortado pelo algoz,
Que faz sumir a minha voz.
Pois estou esperando pelo cuidado,
Que recebo de outro em todo meu desagrado,
Vou beber minha cerveja sozinho,
Esperando pelo meu próprio porre de vinho barato.
Vou andando sozinho,
Sentido meu sabor escasso,
De confusão quase inexistente.
Tentando esquecer o que me fez sofrer,
Como foi hoje quando corri pra você.
E agora o coração não bate nem palpita,
Pois como boêmio sofredor,
Eu vou amargar como vinho aberto,
Virando vinagre e abandonando o sabor da vida,
Quando na verdade, a vida que eu queria levar era com você.