Havia Nevoeiro Sobre o Mar
Havia nevoeiro sobre o mar.
Na praia só um menino a brincar.
Um deus menino ali sozinho.
Corria, ria, deitava, rolava, brincava
De ser garotinho.
Fez uma bola dourada, jogava-a para
Lá e para cá.
A meninada foi chegando, a brincadeira
Rolando.
Que delícia descer da cruz!
Livrar-se daquela coroa de espinhos.
Arrancar aqueles pregos, que o pregavam à Cruz.
Mesmo que só por um instante ser o menino
Jesus.
Brincar de jogar bola, de correr pelo mar fora.
O nevoeiro ajudava, os meninos nem percebiam
Que a água não o molhava.
E mais uma coisa acontecia o menino subia, descia.
Sem ninguém perceber.
Estava a decidir se seria melhor subir ou descer.
Não foi bem para se vingar.
Mas andava entediado.
Sempre àquela cruz pregado.
Sempre aquele sangue a correr.
Chamavam-no de Príncipe da luz, mas não
O deixavam brilhar longe da cruz.
Sempre gente grande a chegar a pedir o que
andaram a desperdiçar.
Jogaram a saúde fora.
Mandaram as oportunidades embora.
Culpam os outros por tudo que lhe aconteceu.
Querem que aquele Cristo, ali pregado na cruz,
Resolva tudo isto.
E lá no céu ninguém via que o Deus menino sofria.
Esperou todo o mundo adormecer.
Desceu da cruz.
Desatou a correr.
Cansou de ser um Cristo sempre a morrer.
Decidiu viver.
Escolheu um lar bom para ficar.
Com pai e mãe cheios de amor para dar.
E muitas crianças com quem brincar.
Para aquele céu não vou, não vou!
Vou ficar no McDonald”s , no Cacau Show.
Vou enganar o tempo, fazer com que passe devagarinho.
Nem vai perceber que decidi ser sempre menino.
Lita Moniz
Havia nevoeiro sobre o mar.
Na praia só um menino a brincar.
Um deus menino ali sozinho.
Corria, ria, deitava, rolava, brincava
De ser garotinho.
Fez uma bola dourada, jogava-a para
Lá e para cá.
A meninada foi chegando, a brincadeira
Rolando.
Que delícia descer da cruz!
Livrar-se daquela coroa de espinhos.
Arrancar aqueles pregos, que o pregavam à Cruz.
Mesmo que só por um instante ser o menino
Jesus.
Brincar de jogar bola, de correr pelo mar fora.
O nevoeiro ajudava, os meninos nem percebiam
Que a água não o molhava.
E mais uma coisa acontecia o menino subia, descia.
Sem ninguém perceber.
Estava a decidir se seria melhor subir ou descer.
Não foi bem para se vingar.
Mas andava entediado.
Sempre àquela cruz pregado.
Sempre aquele sangue a correr.
Chamavam-no de Príncipe da luz, mas não
O deixavam brilhar longe da cruz.
Sempre gente grande a chegar a pedir o que
andaram a desperdiçar.
Jogaram a saúde fora.
Mandaram as oportunidades embora.
Culpam os outros por tudo que lhe aconteceu.
Querem que aquele Cristo, ali pregado na cruz,
Resolva tudo isto.
E lá no céu ninguém via que o Deus menino sofria.
Esperou todo o mundo adormecer.
Desceu da cruz.
Desatou a correr.
Cansou de ser um Cristo sempre a morrer.
Decidiu viver.
Escolheu um lar bom para ficar.
Com pai e mãe cheios de amor para dar.
E muitas crianças com quem brincar.
Para aquele céu não vou, não vou!
Vou ficar no McDonald”s , no Cacau Show.
Vou enganar o tempo, fazer com que passe devagarinho.
Nem vai perceber que decidi ser sempre menino.
Lita Moniz