Essa não é uma canção alegre
Essa não é uma canção alegre,
Portanto pare por aqui,
Essa é uma canção para os inertes,
Os doentes, os sem arco-íris.
Essa é uma canção para os perdidos
Que jamais encontram uma direção,
Uma canção para os corações partidos,
Corroídos, destruídos, sem solução.
Cantarei aos seres no escuro,
Jogados ao seu próprio abandono,
Cantarei aos sombrios e inseguros,
Aos mendigos e cães sem dono.
Cantarei aos que sempre tropeçam
Nos mais variados tipos de obstáculos,
Canterei aos que valem o que pesam
E pesam o peso exato de seus fiascos.
Essa não é uma canção alegre,
Você não deveria a estar ouvindo,
Essa é uma canção para aqueles com febre,
Os germes, os que estão sempre ruindo.
Essa é uma canção para os atolados
Em uma estrada lamacenta e deserta,
Uma canção para os rejeitados
Por suas próprias esperanças e metas.
Cantarei aos ouvintes dos ecos do abismo,
Aos receptivos e passivos quanto ao dolorido,
Cantarei àqueles que esperam melodias fúnebres,
Enquanto se arrastam em solos lúgubres.
Serei a voz das sarjetas e das jaulas,
Rimarei com as mais renegadas palavras,
Desafinarei dentro do que será a partitura
E continuarei sendo o maestro das agruras.
09/03/2012