Pior que dor de dente

Acho que alcancei aquele lugar que chamam de fundo do posso,

Sei que este é o fundo do meu próprio posso

E abaixo deste chão só o que há é ser minhoca

Ou monstro ou fungo ou cancerzinho fedido.

O que me resta é brigar com o diabo neguinho*,

Não deixá-lo à vontade no playground de mim,

Não adianta odiar-me, tatuar-me com fogo,

Preciso de alguma coisa próxima ao cansaço do ontem.

Admito que por vezes fui feliz abraçado em minhas fugas,

Mas vejo agora que nunca fiz ninguém feliz com este abraço,

Pondo na balança, a parte com tristeza sempre pesou mais,

Difícil e também fácil entender o que me levava ao encontro.

Tudo isso que narro é muito pior que qualquer dor física,

O que sinto tem certo parentesco com criança após a injeção,

Que chora toda a dor do mundo, não porque foi ferida na carne,

Mas porque sentiu-se humilhada por deixar-se enganar.

Nota do autor: Neguinho é meu apelido de nascença

10/04/2011

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 14/12/2011
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