A vida como um barco
Faça da vida um casco,
Para que seus amigos sejam seus marinheiros,
Que seus canhões sejam seus dentes e suas unhas,
Que as portas dos canhões sejam seu poder de persuasão,
Que seu convés seja sua expressão facial,
E nesse convés, dois braços, os quais apontam para o céu,
Berço do cruzeiro do Sul,
Amigos, descobrimos o norte!
É para lá que navegaremos,
E enfretaremos a maré morta,
Criatura que não descansa enquanto não o engole,
Pois o monstro marinho é o CRACKen,
E o mar é a jornada,
E que o vento empurre nossas vestimentas negras,
Mas não apague as velas,
E não deixe que as longas vestes rasguem-se,
Para não atolar o sonho na jornada,
Está tudo certo capitão!
Afirma o corpo ao cérebro,
Agora tenho tempo para descansar e refletir,
Refletiu demais capitão, a tempestade chegou e o senhor nem viu!
O barco tremula como um bêbado sem rumo,
A maré invade o corpo do barco e logo vem a armada de homens com suas armas,
Baldes em ação!
Os baldes dos defensores não ajudam,
Lancem a bomba!
A boca de ferro e imunda do porão engole o indivíduo que combate a maré,
O casco está fraco, o barco necessita repouso,
O gerente do porto avisa:
Três dias em repouso aqui, comprem uma cartela de feixes de madeira,
O estibordo está inchado, mas vai correr tudo bem;
O barco está de volta ao oceano,
Ora sobe, ora cai,
Pois a jornada lhe faz flutuar em diferentes estágios,
Da proa eu avisto o horizonte, apesar de se ver o horizonte de qualquer ângulo,
O horizonte completamente azul, a união do mar com o céu sem nuvens,
Só faltou o arco-íris,
Para simbolizar que o dia está bom,
Hoje tem jogos com dados,
E a aposta é anos de servidão;
Os dias estão se passando e nada de terras...
O homem com a luneta pegou câncer de pele e não grita faz quase um ano,
Os suprimentos do barco acabaram e cada vez ele necessita mais,
O capitão já não sabe o que fazer,
Ele entrega a Deus e só tem a acreditar que haverá um pedaço de terra,
Mais cedo ou mais tarde,
Mas parece que esse não foi o dia do capitão, ou melhor, a vida dele,
Ele foi vítima de um motim de seu próprio corpo de homens, o barco clama por grãos de areia,
E o capitão pula no mar de tubarões na jornada sem fim em que ele arriscou-se,
E melhor, morreu sem perceber que nada fizera,
Não amara uma mulher, não tivera os filhos que deveria ter,
Não possuíra a mansão que todos combiçavam,
Não aprendera a arte da guerra, a filosofia, a teologia ou a ciência que deveria ter aprendido,
E o pior, não contribuiu para sua pós-vida nem para a vida de ninguém,
Pois ele fez da sua vida um casco...