Pobre papagaio!
As vezes penso que sou mar
Mas sempre acordo sertão
As vezes penso em cantar
Mas nunca sei a canção
As vezes penso em fugir
Mas nunca sei qual direção
As vezes penso em voar
Mas sempre acordo no chão
As vezes penso primavera
Mas arde nas plumas o verão
As vezes penso privacidade
Mas a rima da vez é privação
As vezes penso passarinho
Mas sofro sempre feito cão
As vezes penso liberdade
Mas as correntes me trazem à razão.
Pobre ave singela de aza partida
Condenada às amarras, presa ao chão.
Carlos Roberto Felix Viana