Pobre papagaio!

As vezes penso que sou mar

Mas sempre acordo sertão

As vezes penso em cantar

Mas nunca sei a canção

As vezes penso em fugir

Mas nunca sei qual direção

As vezes penso em voar

Mas sempre acordo no chão

As vezes penso primavera

Mas arde nas plumas o verão

As vezes penso privacidade

Mas a rima da vez é privação

As vezes penso passarinho

Mas sofro sempre feito cão

As vezes penso liberdade

Mas as correntes me trazem à razão.

Pobre ave singela de aza partida

Condenada às amarras, presa ao chão.

Carlos Roberto Felix Viana

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 23/09/2011
Reeditado em 21/10/2011
Código do texto: T3237485
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