LAMBENDO AS FERIDAS
Deixem-me a sós com minhas feridas.
Preciso lamber o pus que escorre de meu ego;
Sorver a secreção que aflora de meu medo;
Aspirar o odor repugnante que exala de minha estupidez;
Suportar a dor latejante de minha fraqueza exposta;
Remover o sangue coagulado de minha existência;
Sentir-me nojento e miseravelmente, miserável.
Deixem-me a sós com minhas feridas.
Quero cobrí-las com o curativo da dignidade;
Fechá-las com a paciência e sapiência do tempo
E remover as cicatrizes com o instrumento da fé.
Aí, então, partirei;
Sem ego,
Medo,
Estupidez,
Passado,
Nojo...