SÓ QUERO MEUS PAIS SÃOS
Minha vida é sem cor,
de má Sorte a dor,
que vil me assaltou,
e a doença originou.
Uma Doença irascível,
que doída e imiscível,
não admite a crença,
apenas a fútil sentença.
Aos pés da dura cama,
alguém se engalana,
de doente terminal,
porquê aqui tanto mal?
Escrevo para redimir
e a minha culpa carpir.
Tivesse eu outra atenção,
e bateria são o coração.
De minha mãe e pai,
que da cama já não sai,
com um frio de morte,
que vem de lá do Norte.
Mas a falta de tento
foi minha: acrescento.
Pois à douta medicina,
não retive a retina.
Mas que sabia eu enfim,
só sou poeta, ai de mim.
Porque ensandeço,
será mesmo que mereço?
Só quero meus pais sãos,
tendo força nas mãos,
e na boca um sorriso,
com tino ou sem siso.
Duas crianças saudáveis,
cheias de vida, amáveis,
esquecendo o pesadelo,
demore ou não esquece-lo.
Jorge Humberto
09/02/11