Embarcações da Saudade
Minha alma, qual jangada ao sabor do vento,
às vezes navega nas águas da calmaria,
outras vezes se perde no mar do tormento
quando é a vela da saudade quem a guia...
E a saudade, caprichosa timoneira,
leva a nau de minha memória bem distante,
faz minha bússola sua prisioneira,
faz minha alma caravela errante
vagando nesse coração imenso e temerário,
que indiferente ao querer das embarcações
se faz cúmplice da saudade, qual corsário,
que menospreza a imensidão das amplidões...
E o vento leve e benfazejo da esperança
é o que vive a desejar minha alma aflita,
singrando nas águas tristes da lembrança,
navegando o oceano imenso da desdita...