Dor
Queria poder um dia
matar a desesperança
e a crueldade fria
que se ergue feito lança
em ameaça sombria
à pobre e triste criança
que vaga na rua vazia
numa penosa dança
sem nenhuma alegria
sem um sopro de esperança...
Assim eu consumaria
a minha doce vingança
contra a mesquinharia
e a desprezível ganância
que cresce dia após dia
repleta de indiferença
em famigerada pia
que transborda em descrença
só assim enfim teria
paz em minha consciência...
Por isso agora grito
esse brado tão sofrido
e uma bandeira agito
pelo amor tão esquecido
que o mundo tornou em mito
transformou em tesouro perdido
e choro esse conflito
tão triste e tão dolorido
e a pobre criança fito
com o coração destruído!