INSÔNIA

Nem uma gota de sono,

nem um só aceno

em meu abandono,

apenas o veneno:

única taça ao derredor;

e os espinhos,

de ponta virada para cima,

que insistem em nascer nos caminhos,

trazendo a dor,

que não existe analgésico que suprima.

Nenhum som na madrugada,

a não ser um som impreciso e obscuro:

talvez, um torneira a pingar esquecida;

quem sabe, de um tiro, o estouro?

No mais, tudo imóvel e silente,

a não ser dentro da mente,

onde idéias e pensamentos,

na contra-mão da minha insônia, deliram,

totalmente ensandecidos.

Fugiram os sons,

rarefez-se o ar,

eclipsou-se a lua,

ocultaram-se as estrelas.

Até o bêbado,

que ainda há pouco xingava, emudeceu!

Tudo tão triste,

a parecer quarta-feira de cinzas,

quando as ilusões se mostram nuas,

nada mais a lembrar

a promessa de alegria,

iniciada no sábado,

mas, que a cidade, indiferente, já esqueceu,

que não seguiu adiante.

Enquanto isso, a vida,

de dedo em riste,

nos cutuca a ferida,

ainda latejante.

- por JL Semeador -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 14/09/2010
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