Portas Horizontais
E ninguém te compreende
Porque?
Olha as portas
Os números
Os endereços
As ruas
Estas tão adequado,
Isso não é bom.
A rotina cega
A todos,
Talvez tenha cegado
A ti também,
Um golpe de que não te
Lembras
Pode ter te levado
Para uma outra,
E existe tantas,
Dimensão?
Andas angustiado,
Hesitastes, interesses
De tantos amigos,
Telefonastes para velhos números,
Mas nada.
Na rua de longe
Gritou para vultos e sombras
Que te ignoraram
Ninguém te ofereceu abrigo?
Vezes e outras
Um rosto Antigo meio que familiar
Tentou se comunicar contigo
Mas,
Ignorastes e caminhastes para longe.
E, no longe, outro rosto
De mesma índole
Apareceu.
E assim fugindo “prali” e “praculá”
Nos interstícios,
Nos interstícios da Noite,
Tentou no meio da angústia
Se esconder...
Na angústia
Se esconder,
E na angústia procurando
Um lugar onde não pudesse
Te encontrar assim
Como os teus amigos
Não podias encontrar.
Varou o muro do cemitério
E ali sentiu-se seguro entre
As portas horizontais.
E até conseguiu
Descansar
E acordou em meio
A conversação animada
Daqueles que tentaram te aguardar,
Dos quais fugiu.
Estavam longe
Não podiam ver
Ou não te queriam ver,
Ou...
Te ignoraram ver.
E desapareceram,
E você
Meio que estranhando,
Andando pelas ruelas
Do Campo,
Olhando os endereços
E os números
E as Portas Horizontais
E os nomes...
Numas delas
Resolveu bater,
Era nome conhecido
E dali
Saiu um ser
Que falou contigo,
Que era como que teu amigo,
Que era teu Irmão,
Que era mais entendido
Dessa mesma tua condição.
E então a Angústia foi passando.
As portas perdendo
A hierarquia
As verticais passaram a ser mortas
E as horizontais a estar contigo
Em plena Sintonia,
Os vivos a serem os Mortos
Os Mortos que realmente te compreendiam.
Eis a beleza,
De ver as coisas pelo ângulo da Anarquia,
Ninguém está errado no Mundo.
Apenas quem se julga estar Certo,
Isso é que é Heresia.
Pelas Mãos de: