Meu poema mais bonito
Quando a estrada é longa, caminhar é uma curiosidade,
ninguém jamais está completo.
O que a gente encontra pelo caminho são projeções de nós mesmos,
Deus e o Diabo são amigos.
A medida que se vai,
Se vai acumulando as nossas lembranças,
Frustrações e amores imperfeitos,
A estrada não me ofereceu sombras,
Eis-me Sobras.
Quando o caminho é seco,
nos lembramos da chuva,
e se faz frio,
queremos logo que amanheça,
nunca amanhece,
a Noite nunca chega,
talvez a podemos adiantar
por algum tipo de mágica...
Nas veias do cansaço os sangues
se misturam,
e da solidão vem muitas vozes,
não me entendem,
nao me entendem,
veneno é cuspe da minha boca...
E se me jugarem
que isso não se impede,
eis a lascidão, o vazio,
nas mesas de bar dirão o meu nome,
e enquanto não cair todas as folhas,
a arvore briga, nunca se entrega,
mas um dia ela tambem tomba,
virá o silêncio, e a paz.
Noutro plano ja se desenha uma nova geografia,
torcidas gritam a vitória da perdição,
e eu já estou acostumado a coviver
também com isso...
Digo sim,
digo não,
as lâminas no colchão...
A história é tao exata,
A matemática uma mentira,
em que podemos acreditar
quando tudo de nós se tira?
Assim que a tua voz
soltar um grito e tanto,
estarei me contorcendo,
pode ser até que pranto,
Sou ninguém,
sou tão tantos,
e entre um riso congelado,
e uma tristeza petrificada
é que ei escrito
meu poema mais bonito...
Me leve para fora,
corte as minhas pálpebras,
quero ter ainda mais esse engano,
de olhar as estrelas mais bonitas,
o céu é minha voz,
o vazio um silêncio,
e os versos que te escrevo,
já não podem ser mais lidos...
Muitos vão, muitos vão, muitos vão,
mas eu estou voltando...